Secretário da Fazenda do Rio de
Janeiro diz que o governo do Rio está lutando para que não haja paralisação nos
hospitais
Por: carlos rollsing
Em entrevista,
Julio Cesar Carmo Bueno, secretário da Fazenda do Rio de Janeiro, afirma que
nenhum Estado está livre da crise econômica. Segundo ele, "todos estamos
afetados pelo mais difícil momento da história contemporânea brasileira".
Confira, a seguir, a entrevista.
Há mais semelhanças ou
diferenças entre as crises do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro?
Na verdade, a
crise é do Brasil. Alguns Estados caem primeiro por questões peculiares. O Rio
de Janeiro, pelo petróleo e inação da Petrobras. Nenhum Estado está livre da
crise. Todos estamos afetados pelo mais difícil momento da história
contemporânea brasileira.
RS e RJ enfrentam as situações
mais dramáticas ou há outros Estados no mesmo quadro?
Tem vários em
situação semelhante. Minas Gerais, Goiás, Pernambuco, Sergipe. Por questão de
conjuntura, uns caem primeiro, outros depois, mas cairemos todos.
Nos dois Estados houve atraso
e parcelamento de salários. Por que acaba ocorrendo essa opção drástica?
Não tem opção.
Quando a gente não consegue pagar, é uma enorme tristeza. Tenho certeza de que
os governos, quando tomam uma decisão dessas, é por absoluta falta de recursos.
É importante dizer que o Rio pagou por 11 meses em dia. Deixamos de pagar o
salário de novembro, que dividimos em duas vezes. E para o 13º, usamos a
metodologia do empréstimo bancário. Aprendi isso com o melhor secretário (da
Fazenda) do Brasil, que é o Giovani Feltes.
No Estado, Feltes foi bastante
contestado por não ter formação técnica na área econômica.
Mas ele é
muito inteligente.
Está garantido que os
hospitais vão funcionar em 2016?
Estamos
lutando para que não haja (paralisação). A ideia é pagar em dia os fornecedores
da saúde.
Foi um erro não ter criado um
fundo de recursos do petróleo na época de bonança para ter socorro nos períodos
de crise?
Olhar a
história é mais ou menos igual a comentarista de futebol que vê o jogo jogado.
A crítica tem a vantagem de a história já ter acontecido. Não faria nada
diferente do que o governo Sérgio Cabral (que promoveu gastos) fez. É claro que
a história nos ensina, estamos precisando fazer uma proteção com relação ao
petróleo. Os royalties passaram a ser receitas importantes a partir de 2002 ou
2003. Estamos aprendendo.
O Rio já tirou todos os
coelhos da cartola para lidar com a crise ou ainda existem margens para geração
de novas receitas?
A gente tem
possibilidade de gerar receita excepcional. Por exemplo, a securitização
(venda) da dívida ativa ou mesmo a venda de royalties. Mas acho que a gente tem
de ver a questão estrutural. Aí passa pelo governo federal. Primeiro, a redução
de custeio da Previdência, a redução da máquina pública. Segundo, sobre aumento
de receita, somos a favor da CPMF, do aumento da Cide (que incide sobre
combustíveis). A terceira questão é que tem de inverter a lógica do Brasil de
fazer investimento em infraestrutura. Tem de fazer PPP (parceria
público-privada) e mexer na questão do petróleo. A Petrobras hoje é operadora
única e isso inibe o investimento no Brasil. Também estamos fazendo com que as
empresas que investem no Brasil tenham uma alta carga pela política de conteúdo
local.
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