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terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Entrevista com o Secretário

Secretário da Fazenda do Rio de Janeiro diz que o governo do Rio está lutando para que não haja paralisação nos hospitais
Por: carlos rollsing


Em entrevista, Julio Cesar Carmo Bueno, secretário da Fazenda do Rio de Janeiro, afirma que nenhum Estado está livre da crise econômica. Segundo ele, "todos estamos afetados pelo mais difícil momento da história contemporânea brasileira". Confira, a seguir, a entrevista. 
Há mais semelhanças ou diferenças entre as crises do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro?
Na verdade, a crise é do Brasil. Alguns Estados caem primeiro por questões peculiares. O Rio de Janeiro, pelo petróleo e inação da Petrobras. Nenhum Estado está livre da crise. Todos estamos afetados pelo mais difícil momento da história contemporânea brasileira.
RS e RJ enfrentam as situações mais dramáticas ou há outros Estados no mesmo quadro?
Tem vários em situação semelhante. Minas Gerais, Goiás, Pernambuco, Sergipe. Por questão de conjuntura, uns caem primeiro, outros depois, mas cairemos todos.
Nos dois Estados houve atraso e parcelamento de salários. Por que acaba ocorrendo essa opção drástica?
Não tem opção. Quando a gente não consegue pagar, é uma enorme tristeza. Tenho certeza de que os governos, quando tomam uma decisão dessas, é por absoluta falta de recursos. É importante dizer que o Rio pagou por 11 meses em dia. Deixamos de pagar o salário de novembro, que dividimos em duas vezes. E para o 13º, usamos a metodologia do empréstimo bancário. Aprendi isso com o melhor secretário (da Fazenda) do Brasil, que é o Giovani Feltes.
No Estado, Feltes foi bastante contestado por não ter formação técnica na área econômica.
Mas ele é muito inteligente.
Está garantido que os hospitais vão funcionar em 2016?
Estamos lutando para que não haja (paralisação). A ideia é pagar em dia os fornecedores da saúde.
Foi um erro não ter criado um fundo de recursos do petróleo na época de bonança para ter socorro nos períodos de crise?
Olhar a história é mais ou menos igual a comentarista de futebol que vê o jogo jogado. A crítica tem a vantagem de a história já ter acontecido. Não faria nada diferente do que o governo Sérgio Cabral (que promoveu gastos) fez. É claro que a história nos ensina, estamos precisando fazer uma proteção com relação ao petróleo. Os royalties passaram a ser receitas importantes a partir de 2002 ou 2003. Estamos aprendendo.
O Rio já tirou todos os coelhos da cartola para lidar com a crise ou ainda existem margens para geração de novas receitas?

A gente tem possibilidade de gerar receita excepcional. Por exemplo, a securitização (venda) da dívida ativa ou mesmo a venda de royalties. Mas acho que a gente tem de ver a questão estrutural. Aí passa pelo governo federal. Primeiro, a redução de custeio da Previdência, a redução da máquina pública. Segundo, sobre aumento de receita, somos a favor da CPMF, do aumento da Cide (que incide sobre combustíveis). A terceira questão é que tem de inverter a lógica do Brasil de fazer investimento em infraestrutura. Tem de fazer PPP (parceria público-privada) e mexer na questão do petróleo. A Petrobras hoje é operadora única e isso inibe o investimento no Brasil. Também estamos fazendo com que as empresas que investem no Brasil tenham uma alta carga pela política de conteúdo local.

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