O procurador Eduardo El Hage falou em
entrevista coletiva na manhã dessa terça-feira dia 11/04 que a operação atual
que prendeu o ex-secretário de saúde, Sérgio Cortês, é derivada das operações
anteriores:
”Ela permitiu descobrir mais um braço da ‘operação
criminosa chefiada’ por Cabral, agora na área da saúde. A corrupção no governo
Cabral era em ‘todos os setores’".
Desvios na Saúde começaram
no primeiro mês de Sérgio Côrtes e Cabral, diz MPF
Ex-secretário de Saúde já
esperava ser preso, e por isso retirou obras de arte de casa e pré-agendou uma
cirurgia de coluna, segundo delator Cesar Romero.
Saúde do Rio enfrentava sérias dificuldades em
janeiro de 2007, quando Sérgio Cabral assumiu o Governo do Estado e convidou
Sérgio Côrtes para a pasta. Mas Côrtes estava otimista. Em um jantar ainda
naquele primeiro mês de governo, disse ao interlocutor que
"financeiramente" o trabalho deles compensaria — como consta na
denúncia. Questionado por que, respondeu que já havia combinado com Cabral de
receber 10% de vantagens indevidas de todas empresas contratadas pela
Secretaria de Saúde.
Dividia a mesa com ele naquela ocasião Cesar
Romero, ex-assessor jurídico do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia
(Into) e ex-subsecretário de Saúde, que se tornaria delator do esquema. As
informações são sustentadas pelo Ministério Público Federal (MPF) na ação que
conseguiu a prisão de Côrtes e também dos empresários Miguel Iskin e Gustavo
Estellita.
"Sustenta
[o MPF] que diversos crimes foram praticados no âmbito da Secretaria de Saúde
desde o momento que o ex-governador Sérgio Cabral assumiu o Governo do Estado do
Rio em 01.01.2017 e nomeou Sérgio Côrtes como seu Secretário de Saúde",
diz trecho da decisão da 7ª Vara Federal Criminal, assinada pelo juiz Marcelo
Bretas.
A operação, que é mais um desdobramento da Lava
Jato no Rio, foi batizada de "Fatura Exposta" e investiga fraudes em
licitações para o fornecimento de próteses para o Into.
O delator revela ainda que os valores seriam
divididos da seguinte maneira: 5% para Cabral, 2% para Côrtes, 1% para Romero,
1% para o Tribunal de Contas do Estado e 1% para o esquema. As propinas eram
pagas em contas em bancos dos Estados Unidos, para ocultar o real proprietário.
Côrtes esperava
ser preso, diz delator
O MPF sustenta ainda que Côrtes tentou
"embaraçar as investigações" e chegou a ir ao escritório de Romero
para combinar os temas que seriam incluídos no acordo de delação premiada. A
conversa foi gravada.
Nela, percebe-se que Côrtes já esperava ser preso. Relata
Romero: "Tendo inclusive retirado obras de arte e objetos de valor de sua
residência, bem como teria cirurgia de coluna pré-agendada para, acaso fosse
decretada a sua prisão, ter munição para requerer uma liberdade provisória a
fim de realizar o tratamento".
O desvio de verbas de Côrtes e Cabral é criticado
na decisão do magistrado, que cita "calamidade" e "flagelo"
na saúde pública fluminense.
"É
de amplo conhecimento público o estado de calamidade em que se encontra o
sistema de saúde pública no Estado do Rio de Janeiro, sendo inevitável conectar
o desvio desses valores que poderiam ser empregados para o melhoramento do
sistema com a situação de flagelo de milhares de pessoas que morrem nas portas
dos hospitais por falta de recursos humanos e materiais", opina o
magistrado.
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/desvios-na-saude-comecaram-no-primeiro-mes-de-sergio-cortes-e-sergio-cabral-diz-mpf.ghtml
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