Informe
do Dia
Luciana Barcellos
Sem
luz no fim do túnel
A crise
financeira do Estado do Rio só vai se resolver com ajuda do governo federal. É
o que pensa o economista Bruno Sobral, especialista em economia fluminense e
professor da faculdade de Ciências Econômicas da Uerj. Ele afirma que o próximo
governador vai herdar uma grande dívida com o empréstimo de R$ 2,9 bilhões e um
grande abacaxi com a securitização dos royalties do petróleo.
O
orçamento do Estado do Rio para 2018, aprovado na semana passada pela Alerj,
prevê um déficit de R$ 9,2 bilhões para o próximo ano. O que isso pode implicar
nas finanças do estado?
Eu
diria que é impossível resolver a situação para os próximos anos sem uma ajuda
efetiva do governo federal. Não há saída de curto prazo sem orçamento da União
para o Rio. Isso já deveria ter sido feito em 2016. Se tivesse feito ali,
talvez não teríamos passado por uma situação tão grave. Mas o governador não
teve capacidade de levar o estado para o debate nacional. O Rio está se
endividando com um agiota. E isolado. Não temos condições de nos endividar
mais.
O
empréstimo de R$ 2,9 bilhões vai sair esta semana, mas o governador Luiz
Fernando Pezão já disse que não vai saldar tudo.
Não
vai pagar nem novembro. No início, esperava-se R$ 3,5 bilhões, depois passou
para R$ 2,9 bi, e agora vão pagar R$ 2 bi e os R$ 900 milhões daqui a dois
meses. Quanto mais o tempo passa, mais despesas não são pagas, mais restos a
pagar se acumulam. E esse empréstimo é o que a gente chama de despesas
extraordinárias. O governo vai queimar recursos para tapar buraco.
Como
você vê essa aposta do governo na melhora da economia e no aumento da
arrecadação?
O
governo não faz de fato nada para que isso ocorra. Deveria cobrar investimentos
federais, cobrar de certos setores. O Rio tem hoje as piores taxas de
desemprego no país. Deu uma melhoradinha, mas não foi expressiva. Não há nenhum
indicativo que sustente.
E
em relação à securitização?
A
securitização dos royalties é dívida. O governo está jogando um grande abacaxi
para o próximo governador, que vai herdar uma dívida imensa. Vai receber agora,
mas lá na frente vai ter que devolver, só que acrescido de juros. O Pezão está
hipotecando o futuro.
Amanhã
será a primeira votação na Alerj da PEC47 (a segunda será na quinta-feira), que
discute os duodécimos das universidades estaduais. Acredita que vai ser
aprovada?
Estamos
sensibilizando todas as frentes políticas, por isso é importante que todos
participem. O duodécimo não resolve o problema, mas a aprovação vai ser uma
grande ajuda para as universidades estaduais. Pezão tirou a Uerj do Orçamento e
o governo criou uma imagem muito negativa. Mas a culpa da crise não é nossa,
mas da má gestão dos gastos.
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