Núcleo Independente de Estudos em Serviço Público:
Pezão preso e os servidores
Mesmo considerando o simbolismo
utilizado na comemoração de sua prisão ao apagar as luzes de 2018, parece
fundamental ressaltar um ponto: a crise intensificada no governo Pezão e vivida
ao longo de seu mandato entre os servidores públicos sempre foi uma crise
seletiva
Por Núcleo Independente de Estudos em Serviço Público*
Rio
- Em recente votação na Assembleia, deputados decidiram pela revogação da venda
da Cedae. Negociada como a "joia" do Regime de Recuperação Fiscal, a
Cedae representou, ao longo de 2017, uma das principais bandeiras de luta do
funcionalismo público. Por uma razão simples: todos sabiam que não faria
sentido vender uma empresa pública saudável por um valor que pouca diferença
faria na recuperação das contas do Rio de Janeiro.
Mesmo
considerando o simbolismo utilizado na comemoração de sua prisão ao apagar as
luzes de 2018, parece fundamental ressaltar um ponto: a crise intensificada no
governo Pezão e vivida ao longo de seu mandato entre os servidores públicos
sempre foi uma crise seletiva. As representações sindicais denunciaram este
caráter seletivo a cada ato de maldade do governo: atraso e parcelamento dos
salários, congelamento das carreiras de servidores a partir do Regime de
Recuperação Fiscal, aumento da contribuição previdenciária, entre outros atos.
Este
caráter seletivo é percebido diariamente na diminuição dos leitos de hospitais
públicos, no fechamento de escolas onde elas seriam mais necessárias, na
precarização de instituições como o Cecierj e a Faetec e, no caso das
Universidades, no corte de investimentos em Ciência e Tecnologia, com a
fragilização constante da Faperj.
E
como um dos capítulos mais infelizes do governo Pezão, a situação de calamidade
em que se viram envolvidos aposentados e pensionistas que, sem condições de
arcar com suas despesas com os constantes atrasos e suspensão de seus salários,
adoeceram e contraíram dívidas que, mesmo após um ano, não cessaram.
O padrão
do governo Pezão foi o não cumprimento de acordos, o desprezo pelo
funcionalismo público, a mentira como moeda política e a má administração do
bem público em proveito de uma parcela de amigos e compadres.
Em agosto
de 2018, Pezão declarou "acho muito cruel a vida do político no
Brasil". O governador reclamou do "excesso de poder dos órgãos
fiscalizadores". Se pensarmos nas isenções fiscais, propinas, desvios e na
situação de hospitais, escolas, da Segurança Pùblica, da cultura e outras
áreas, será fácil compreender as raízes desta aversão. O governador ainda citou
ter dado entrada em sua aposentadoria pelo INSS alegando que em janeiro de
2018, estará fora da vida pública.
Sua
prisão não resolve os graves problemas do Rio de Janeiro. No entanto, temos uma
certeza: nossa importância como servidores. Somos os primeiros a receber o
cidadão em suas queixas, somos essenciais ao funcionamento do Estado, em cargos
mal remunerados com cargas pesadas dentro da máquina executiva, legislativa e
judiciária. Diariamente inventamos e recriamos formas de tornar possível esta
máquina administrativa. Muitos dentre nós, os professores e policiais como
categorias que recebem uma sobrecarga, padecem com problemas psiquiátricos e
depressão. E ao fim, resistimos ao governo que agora acaba.
Os
servidores públicos permanecem enquanto os gestores passam. E não será
diferente em 2019.
Núcleo Independente de Estudos em Serviço Público, com
contribuição de Luciane Soares da Silva (Aduenf)
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