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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Financial Times: Preço do petróleo continuará baixo em 2016!

Excedente de petróleo no mercado persistirá em 2016, segundo OCDE

ANJI RAVAL
DO "FINANCIAL TIMES"
13/10/2015  12h31 - Atualizado às 14h23

A produção maior de petróleo pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e a desaceleração no crescimento econômico mundial significam que o excedente de petróleo cru persistirá no mercado até o ano que vem, afirmou a maior organização mundial de pesquisa sobre energia, na terça-feira (13).
A AIE (Agência Internacional de Energia) informou que esperava "desaceleração pronunciada" no crescimento da demanda por petróleo, com o fim do estímulo propiciado pelos preços baixos e o enfraquecimento nas atividades econômicas dos países dependentes da exportação de commodities.
"O petróleo a US$ 50 por barril é um propulsor poderoso no reequilíbrio do mercado petroleiro mundial", afirmou a AIE em seu relatório mensal, uma publicação acompanhada atentamente.
"Mas a desaceleração pronunciada projetada para o crescimento da demanda no ano que vem e a expectativa de ingresso de barris iranianos adicionais (...) provavelmente manterão o excedente de oferta no mercado ao longo de 2016."
Um aumento na produção de petróleo do Irã, integrante da Opep, quando as sanções contra o país forem suspensas, deve mais que compensar a primeira queda na produção norte-americana de petróleo desde 2008, acrescentou a AIE.
O colapso nos preços do petróleo ajudou a propelir o maior crescimento na demanda pela commodity em quase uma década. Os preços mais baixos elevaram a demanda em 1,8 milhão de barris ao dia, para 94,5 milhões. A demanda por gasolina vem sendo especialmente forte, sugerindo que os motoristas vêm sendo encorajados a dirigir mais por conta dos preços baixos.
Mas a AIE prevê que esse efeito se dissipará, e que o crescimento da demanda se reduzirá a 1,2 milhão de barris adicionais ao dia em 2016.
A AIE, que emprega as projeções de crescimento do Fundo Monetário Internacional (FMI) para suas estimativas sobre a demanda por petróleo, afirmou que a perspectiva econômica mundial era "mais pessimista". O Fundo anunciou no começo do mês que a economia mundial deve crescer em seu ritmo mais lento desde a crise de 2008, em 2015.
O crescimento econômico mais lento em economias dependentes do petróleo, como o Canadá, Brasil, Rússia e Arábia Saudita, também terá impacto sobre o crescimento da demanda.
"Preços mais baixos para as commodities, se nada mais variar, terminam por resultar em queda nos gastos públicos e em uma possível atenuação no consumo, em muitos desses países", afirmou a AIE.
Os maiores países da Opep estão aos poucos conseguindo reconquistar mercado diante dos produtores de maior custo, como os de petróleo de xisto betuminoso extraído nos Estados Unidos, em meio ao colapso mundial dos preços.
A oferta mundial de petróleo se manteve firme em 96,6 milhões de barris ao dia em setembro, com a queda na produção dos Estados Unidos e de outros produtores de fora da Opep compensada pela oferta ampliada dos países membros do cartel.
"A oferta de alto custo —primordialmente de fora da Opep— está sendo forçada a sair", afirmou a AIE. "A oferta dos Estados Unidos —que vinha sendo um dos propulsores do crescimento— já está em queda rápida."
A oferta dos países que não integram a Opep caiu em 180 mil barris ao dia, para 58,3 milhões em setembro, quando o impacto dos cortes de investimentos da ordem de mais de 20% adotados pelas maiores companhias mundiais de energia começou a se fazer sentir. A produção deve ficar nessa média em 2015, e no ano que vem cairá em mais 500 mil barris diários.
"A desaceleração mais acentuada acontece nos Estados Unidos", segundo a AIE. "Novas reduções nas atividades de perfuração do começo de setembro para cá devem acelerar o declínio na produção de petróleo leve nos Estados Unidos".
Os avanços na produção norte-americana ante o ano anterior se reduziram a 300 mil barris diários, ante 1,6 milhão de barris diários no começo de 2015.
A oferta dos países de fora da Opep ainda assim superou as expectativas, com Brasil e Rússia batendo recordes de produção em agosto e setembro.
A oferta de petróleo cru da Opep —liderada pela produção recorde do Iraque, que compensou a queda da Arábia Saudita— subiu em 90 mil barris diários em setembro, para 31,7 milhões de barris.
Até o momento, a organização extraiu, neste ano, em média 31,2 milhões de barris diários, um milhão a mais que a média do período em 2014, antes que o cartel decidisse manter as torneiras abertas a fim de reconquistar compradores, ao invés de continuar protegendo o preço.


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