Com quatro Secretários em dois anos,
sem organograma, a outrora poderosa SEFAZ agoniza.
A Secretaria de Fazenda já foi uma
instituição respeitada e importante na Administração Estadual. Responsável pela
arrecadação de impostos, pela gestão do tesouro, e pelo controle interno de
todo o Estado, a SEFAZ possuía status de “supersecretaria” e seu gestor invariavelmente
era um profissional respeitado no meio público e com acesso direto ao
governador do Estado.
O ponto alto nos últimos anos ocorreu
em 2012 com a mudança da sede da SEFAZ para o imponente edifício da Avenida
Presidente Vargas, 670. O antigo prédio do IPERJ foi totalmente “retrofitado”,
com modernas divisórias de vidro e metal, com carpete e mobiliário combinando
com cores distintas em cada andar, o prédio ficou um espetáculo. Um orgulho no
centro financeiro do Rio, ao lado do Banco Central. Foi até desenvolvida uma
logomarca especial para celebrar a mudança: “Nova SEFAZ”. Um rigoroso controle
de entrada com catracas eletrônicas e biometria foi inaugurado e uma campanha
de conscientização foi feita para mobilizar os servidores. Desde coleta
seletiva de lixo, reciclagem, economia de material até medidas comportamentais,
como evitar lanches na mesa de trabalho. A zeladoria passou a exercer um poder
quase de polícia fiscalizando o correto uso das instalações e advertindo e
reprimindo os servidores que por ventura cometessem o “crime” de tomar café no
corredor ou deixar um biscoito na gaveta da estação de trabalho.
A Fazenda era gerida por um conhecido
economista da Escola de Chicago e que gozava, na época, de muito prestígio
junto ao governo federal.
Um corte rápido no tempo e passando pela
gestão de quatro secretários, chegamos a 2017. O outrora lindo prédio da SEFAZ
virou um bunker de lata. Feio, sujo, grosseiro e comunicando o medo que a
instituição sente das ruas. Os seguranças terceirizados foram trocados por PMs
em desalinhados ternos pretos e as catracas já não funcionam há muito tempo. Os
elevadores quebrados, o sistema de ar condicionado sem funcionar, aliados a
redução e o sucateamento da zeladoria e manutenção, transformaram o prédio de
orgulho à vergonha em poucos anos.
A falta de política interna de
recursos humanos e os constantes atrasos de pagamento transformaram o prédio em
um lugar vazio, escuro e melancólico. Nem mesmo as centenas de comissionados
parecem ser capazes de manter o prédio com aparência de ocupado em alguns dias
e horários.
A fusão com a SEPLAG foi outro marco
da perda de prestígio. Na tímida reforma administrativa feita pelo governador
em novembro, que fundia várias secretarias, houve recuo em quase todas. Não na
SEFAZ/SEPLAG.
Após quatro meses de publicação da
reforma, ainda não há estrutura da nova secretaria. Isso ocasiona sobreposição
de tarefas, de responsabilidades e uma intensa disputa por poder. Ninguém mais
sabe que área faz o quê. Não há cooperação legítima. Há busca por cargos e
espaço. Os servidores de muitas áreas trabalham de forma preocupada, sem saber
se suas áreas serão cortadas e a quem responderão.
A vinda de um secretário que
teve uma passagem sem êxito pelo RioPrevidência (para dizer o mínimo), e que
não possui conhecimento técnico sobre arrecadação e tributação, além de parecer
não gozar de grande interlocução com o governador, são exemplos de decadência
institucional ainda maiores. Trouxe com ele uma equipe com profissionais
inexperientes, histriônicos e sem formação adequada. Após meses de convivência
com essa equipe, ficou mais fácil para os servidores da SEFAZ entender como o
RioPrevidência quebrou. Sem estatura, biografia ou conhecimento para ocupar os
cargos, esses gestores aceitam de bom grado a aproximação de bajuladores,
que fingem ser prestativos para obter vantagens, e depois riem e fazem piadas
às suas costas.
A nomeação de um ex-secretário
estadual na gestão da família Garotinho e ex-presidente do Detran do governo
Cabral como assessor especial na SEFAZ para “melhorar a arrecadação” é uma
demonstração clara de que o atual secretário e sua equipe além de não gozar de
prestígio junto ao palácio, sofrem um verdadeiro esvaziamento.
Os servidores da Secretaria de
Fazenda não aceitam passivamente assistir a sua instituição ser um balcão de
negócios para os políticos. A Fazenda deveria capitanear a saída do Estado da
crise. Nossa instituição tem um corpo de servidores de carreira com capacidade
de fazer uma Fazenda ativa, propositiva e que possa dar uma resposta para a
sociedade fluminense à altura de sua relevante missão.
O inspetorias do interior tiveram a luz cortada por falta de pagamento!
ResponderExcluirTexto excelente. Vocês estão de parabéns por ter a coragem de falar a verdade. Tem servidor puxa sacos que vendem a mãe por uma GEE!
ResponderExcluirFui resolver um assunto no prédio hoje. E já não ia lá há mais de 1 ano e meio. E foi exatamente o que percebi.
ResponderExcluirUm lugar vazio, escuro e tenebroso. Achei que estava no prédio errado.
Fiquei espantado.
A Anaferj resumiu tudo.
Embora muita gente continue trabalhando em prol da Arrecadação do Estado. Só tomem cuidado para o tiro não sair pela culatra, ou prefeririam na Receita chefias que perseguiam Analistas?
ResponderExcluirSaibam ponderar possíveis evoluções institucionais talvez até mesmo por causa da crise.
O texto é sobre a Fazenda e não sobre a Receita.
ExcluirPura verdade!
ResponderExcluirParabéns pura realidade q pena
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