Estadão
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Perdas
com Lei Kandir custarão bilhões à União
Comissão
da Câmara aprovou cronograma de pagamento aos Estados que chegará a R$ 39 bi
por ano
Em
meio às dificuldades do governo para o fechamento das contas públicas, foi
aprovada nesta terça-feira, 21, em comissão especial da Câmara, proposta que
prevê o pagamento pela União de valores bilionários aos Estados a partir de
2019, como compensação às perdas com a Lei Kandir. A proposta, que ainda
precisará passar pelo plenário da Casa e do Senado, indica um valor global de
R$ 39 bilhões a cada ano, de forma perene.
Os
pagamentos representariam o ressarcimento aos Estados pelas perdas com a
desoneração de ICMS nas exportações de produtos primários e semielaborados. A
medida foi estabelecida pela Lei Kandir, em 1996, para estimular as
exportações. No entanto, as regras de compensação dos entes federativos, como
previa a legislação na época, nunca foram estabelecidas.
O
montante foi calculado pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).
O cronograma elaborado pela comissão prevê que os pagamentos cheguem a R$ 19,5
bilhões em 2019 (50% do total); R$ 29,25 bilhões em 2020 (75%) e, por fim, aos
R$ 39 bilhões a partir de 2021 (100%). Ficariam nesse patamar a partir daí, com
o valor de referência reajustado pela inflação a cada ano.
A
ideia é que os montantes em atraso sejam pagos pela União em 30 anos, mas o
pagamento anual perdurará, segundo o texto aprovado pelos parlamentares. Do
total distribuído aos Estados, 25% vão para os municípios.
Regra
Não
bastassem os pagamentos programados para ocorrer anualmente, foi estabelecido
na proposta que a compensação das perdas passadas dos Estados com a Lei Kandir –
cujos valores podem chegar a R$ 700 bilhões – também ocorrerá a partir de 2019.
Essa compensação diz respeito às perdas de arrecadação de ICMS ocorridas entre
1996 e 2019, sendo que os valores exatos serão calculados pelo Confaz.
A
expectativa, no entanto, é de que a tramitação da proposta no plenário da
Câmara e no Senado seja complicada. O governo vai tentar barrar a proposta, que
cairia como uma bomba no Orçamento. O deputado federal Arnaldo Jordy (PPS-PA),
presidente da comissão especial, afirmou que, apesar da resistência do governo,
há indicações de que os deputados estão dispostos a aprovar a proposta. “Já
temos tido sinalizações diversas, na bancada de Minas Gerais e do Pará, que
independentemente de divergências partidárias, essas bancadas estão convencidas
da necessidade de corrigir a deformação”.
Estados como Pará e
Minas Gerais são alguns dos principais interessados, justamente por terem a
pauta de exportação bastante ligada a produtos primários.
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