Amigo leitor, certamente você já viu alguma reportagem enaltecendo as virtudes da gestão privada e demonizando a gestão pública.
Em primeiro lugar, é importante reconhecer que há um forte componente ideológico nessas
análises e muitos interesses de grupos privados. Temos consciência que é difícil para o cidadão comum
perceber o que há por trás de toda essa propaganda, mas não desistimos.
Vamos fazer o contraponto, sabendo que a gestão pública
no país tem problemas, muitos deles causados de forma deliberada por gestores públicos sem compromisso com o bem estar social. O tipo que janta e viaja com empresários, mas que não recebe servidores ou a população.
A despeito desse nosso momento, é preciso dizer que na experiência mundial, é inegável o papel dos serviços
públicos universais na melhora da qualidade de vida das pessoas.
Os países de maior IDH do mundo são justamente os que possuem
as maiores redes públicas de serviços como Saúde e Educação.
E o que é IDH? É um índice que serve para medir o
desenvolvimento de um país. Ele é composto por 3 indicadores: Renda, Expectativa
de vida e Educação.
No Brasil, há uma grave diferença regional com relação ao
IDH. Alguns estados tem desenvolvimento similar aos países europeus enquanto
outros estão em níveis de países pobres.
Os Estados com os maiores IDH do Brasil são: Distrito
Federal, São Paulo e Santa Catarina. Todos com IDH acima de 0,8 ou seja, de
alto desenvolvimento.
O Distrito Federal, por exemplo, tem desenvolvimento humano
próximo à Portugal, São Paulo próximo à Croácia e Santa Catarina com IDH pouco melhor
que a Rússia.
Do outro lado Alagoas, Pará e Maranhão são os Estados com
menor desenvolvimento, são equiparáveis à África do Sul, Bolívia e El Salvador
respectivamente.
Apenas como curiosidade, o Rio de Janeiro está em sexto lugar no país com
desenvolvimento similar ao da Costa Rica.
E o que o número de servidores tem a ver com isso?
Há muitas diferenças entre os estados mais desenvolvidos e menos desenvolvidos do país.
Uma delas é o número de servidores
públicos.
Entre os 10 mais desenvolvidos, existe um servidor a cada 63 habitantes em média, contra 76 entre os 10 menos desenvolvidos. Uma diferença de 20%
Entre os 5 mais desenvolvidos existe um servidor a cada 65 habitantes em média contra 83 entre os 10 menos desenvolvidos. Uma diferença de 27%.
Enquanto os 3 estados mais desenvolvidos tem 1 servidor
estadual para cada 59,8 habitantes em média, os 3 de menor desenvolvimento
tem apenas 1 a cada 100,3. Uma diferença de 67% !
Essa pode ser a origem desse
problema, uma vez que menos servidores significa menos atendimento básico de
saúde, menos acesso à educação e menos segurança pública, o que acaba
refletindo nos índices de desenvolvimento.
É necessário que o cidadão comum e especialmente o Servidor
Público tenha a real dimensão do tamanho da conquista que é ter um sistema
público de saúde como o SUS, uma política nacional de financiamento do ensino
como o FUNDEB. Desvios pontuais ou má gestão não invalidam as iniciativas,
similares ao que há de melhor na Noruega, Inglaterra, França, Canadá, entre
outras nações desenvolvidas.
Defender a gestão pública da coisa pública é desenvolver o desenvolvimento do país não apenas econômico, mas social.
Quando você ouvir o telejornal ou ler no jornal/revista uma
matéria enaltecendo a gestão privada e criticando a gestão pública, lembre-se
que aquele meio de comunicação é uma empresa privada, tem um dono multimilionário e que muitas vezes deve milhões em tributos.
Não existe isenção e pluralidade na nossa imprensa. Por isso
é fundamental o servidor e o cidadão ter consciência de que lado está.
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