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quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Número de servidores públicos interfere na qualidade de vida



Amigo leitor, certamente você já viu alguma reportagem enaltecendo as virtudes da gestão privada e demonizando a gestão pública. 

Em primeiro lugar, é importante reconhecer que há um forte componente ideológico nessas análises e muitos interesses de grupos privados. Temos consciência que é difícil para o cidadão comum perceber o que há por trás de toda essa propaganda, mas não desistimos.

Vamos fazer o contraponto, sabendo que a gestão pública no país tem problemas, muitos deles causados de forma deliberada por gestores públicos sem compromisso com o bem estar social. O tipo que janta e viaja com empresários, mas que não recebe servidores ou a população.

A despeito desse nosso momento, é preciso dizer que na experiência mundial, é inegável o papel dos serviços públicos universais na melhora da qualidade de vida das pessoas.

Os países de maior IDH do mundo são justamente os que possuem as maiores redes públicas de serviços como Saúde e Educação.

E o que é IDH? É um índice que serve para medir o desenvolvimento de um país. Ele é composto por 3 indicadores: Renda, Expectativa de vida e Educação.


No Brasil, há uma grave diferença regional com relação ao IDH. Alguns estados tem desenvolvimento similar aos países europeus enquanto outros estão em níveis de países pobres.
Os Estados com os maiores IDH do Brasil são: Distrito Federal, São Paulo e Santa Catarina. Todos com IDH acima de 0,8 ou seja, de alto desenvolvimento.

O Distrito Federal, por exemplo, tem desenvolvimento humano próximo à Portugal, São Paulo próximo à Croácia e Santa Catarina com IDH pouco melhor que a Rússia.

Do outro lado Alagoas, Pará e Maranhão são os Estados com menor desenvolvimento, são equiparáveis à África do Sul, Bolívia e El Salvador respectivamente.

Apenas como curiosidade, o Rio de Janeiro está em sexto lugar no país com desenvolvimento similar ao da Costa Rica.



E o que o número de servidores tem a ver com isso?


Há muitas diferenças entre os estados mais desenvolvidos e menos desenvolvidos do país.

Uma delas é o número de servidores públicos.

Entre os 10 mais desenvolvidos, existe um servidor a cada 63 habitantes em média, contra 76 entre os 10 menos desenvolvidos. Uma diferença de 20%

Entre os 5 mais desenvolvidos existe um servidor a cada 65 habitantes em média contra 83 entre os 10 menos desenvolvidos.  Uma diferença de 27%.

Enquanto os 3 estados mais desenvolvidos tem 1 servidor estadual para cada 59,8 habitantes em média, os 3 de menor desenvolvimento tem apenas 1 a cada 100,3. Uma diferença de 67% !



Essa pode ser a origem desse problema, uma vez que menos servidores significa menos atendimento básico de saúde, menos acesso à educação e menos segurança pública, o que acaba refletindo nos índices de desenvolvimento.

É necessário que o cidadão comum e especialmente o Servidor Público tenha a real dimensão do tamanho da conquista que é ter um sistema público de saúde como o SUS, uma política nacional de financiamento do ensino como o FUNDEB. Desvios pontuais ou má gestão não invalidam as iniciativas, similares ao que há de melhor na Noruega, Inglaterra, França, Canadá, entre outras nações desenvolvidas.


Defender  a gestão pública da coisa pública é desenvolver o desenvolvimento do país não apenas econômico, mas social.

Quando você ouvir o telejornal ou ler no jornal/revista uma matéria enaltecendo a gestão privada e criticando a gestão pública, lembre-se que aquele meio de comunicação é uma empresa privada, tem um dono multimilionário e que muitas vezes deve milhões em tributos.

Não existe isenção e pluralidade na nossa imprensa. Por isso é fundamental o servidor e o cidadão ter consciência de que lado está.

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