Porque os salários não estão em dia?

Após a aprovação do plano de recuperação fiscal dos Estados na ALERJ, o governador disse que no máximo em 60 dias os salários estariam em dia, incluindo o 13º de 2016. O que está havendo desde então?

Cronologia:

20/02 - ALERJ aprova a venda de ações da CEDAE como garantia de empréstimos

17/05 - Congresso Nacional aprova o Plano de Recuperação Fiscal dos Estados (feito sob encomenda para o RJ e com o Governador do Estado em plenário)

19/05 - Temer sanciona a lei

06/06 - ALERJ aprova a adesão

29/06 - Pressionada pela Secretaria Nacional do Tesouro, ALERJ aprova Lei do Teto de despesas.

Hoje dia 10/07, o Estado ainda não conseguiu aderir ao programa. 

Só para esclarecer: Não estamos afirmando que o programa é bom para o Estado. É apenas postergação. Mas ele é o único plano do governo atual para a crise. É a bala de prata do Governador e por isso ele vem lutando meses a fio.

O Governador e o Secretário de Fazenda têm se empenhando e passado mais tempo em Brasília do que no Rio para tentar formalizar a adesão, mas não tem sido suficiente. Por quê?

Não podemos avaliar a situação econômica desassociada do ambiente político. Temos o primeiro presidente denunciado pelo MPF por crime comum durante o exercício do mandato. Sua base parlamentar se enfraquece a cada dia.

Ao mesmo tempo o ex-deputado Eduardo Cunha prepara delação que põe em risco não apenas o Presidente, mas também toda a cúpula do PMDB no Estado.

Nesse cenário tão complexo, não há como deixar de considerar a hipótese de que o governo federal esteja protelando intencionalmente a inclusão do RJ no referido programa como forma de pressão para ter os votos da bancada do Estado na votação da admissibilidade de investigação, que seria o fim desse breve e pouco querido governo.

Essa hipótese, a se confirmar nos próximos dias, penaliza de forma severa quase 100 mil servidores que nesse momento, 10 de julho, ainda não receberam o salário de abril em sua totalidade. Os 200 mil que não receberam o de maio e todo o resto do executivo que tem o direito de receber o de junho essa semana.