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segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Adesão ao RRF não melhorou situação de servidor

Servidor: Funcionalismo estadual reclama que nada mudou
Mesmo com adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, governo Pezão ainda tem duas folhas em atraso e o décimo terceiro de 2016

29/10/2017 11:00:00
PALOMA SAVEDRA
Rio - Já são quase dois anos de martírio vivido pelos servidores estaduais. Muitos dizem que "seguraram as pontas" com a ajuda de uma campanha de cestas básicas. Agora, o fio de esperança no qual se agarravam não está se concretizando: mesmo depois de o Rio aderir à recuperação fiscal, o cenário não mudou em nada. Ainda há duas folhas mensais em atraso (agosto e setembro) e o décimo terceiro de 2016 também está pendente.
Aos 71 anos, a professora aposentada da Educação, Elza Carvalho, gasta em média R$ 500 mensais com remédios. Como não está na ativa, ela não pode ser incluída no grupo dos servidores que recebem com recursos do Fundeb. Com isso, fica sem previsão para receber seus pagamentos.

Olhando para o passado, hoje Elza se lamenta do que vem passando: "Trabalhei 25 anos no estado, me aposentei, e de repente me vi sem dinheiro e sem comida. Ganhei cestas básicas e se não fosse isso não teria de onde tirar recursos para comer".

Com três filhos adotivos (de 17 anos, 19 e 21), ela contou que seu marido também usa seus rendimentos para quitar contas da casa e o sustento dos jovens. "Só fui me endividando cada vez mais. E não tenho como pedir ajuda a parentes, até porque alguns são servidores do estado ou de prefeitura que também está atrasando os pagamentos", relatou.
O Movimento Unificado dos Servidores Públicos (Muspe) não pretende, por ora, retomar a campanha das cestas básicas e diz esperar que o estado cumpra o prometido a partir da adesão ao Regime de Recuperação Fiscal.

Uma das coordenadoras do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), Marta Moraes reclamou da situação do funcionalismo. "O atraso nos salários dos servidores retira o mínimo direito de sobrevivência das pessoas".

PRECARIEDADE

Servidora da Uerj, Liliane Albuquerque, 32, disse que tem ido trabalhar graças ao dinheiro que o marido e sua mãe lhe dão para usar o transporte público. Ex-aluna de Pedagogia da universidade, ela se queixou da situação pela qual a instituição passa: "Há desvalorização da Ciência e Tecnologia". Sobre as dificuldades que enfrenta, ela declarou: "A gente se programa, se planeja, estuda para passar em um concurso e de repente essa situação acontece. O sentimento é de humilhação".

O estado aguarda o leilão que definirá os bancos que darão o empréstimo de R$ 2,9 bilhões para acertar os atrasados dos servidores. Ainda têm que ser pagos o 13º de 2016; RAS da Segurança; salários de agosto (a cerca de 15 mil vínculos) e de setembro (a mais de 200 mil).

O pregão estava marcado para próxima quarta, mas está suspenso por ordem da 3ª Vara Federal de Niterói, a pedido do STIPDAENIT, sindicato de trabalhadores da companhia de águas e esgotos do estado. A PGE vai recorrer da decisão.


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