Mesmo com adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, governo
Pezão ainda tem duas folhas em atraso e o décimo terceiro de 2016
29/10/2017 11:00:00
PALOMA SAVEDRA
Rio - Já são quase dois anos de martírio vivido pelos
servidores estaduais. Muitos dizem que "seguraram as pontas" com a
ajuda de uma campanha de cestas básicas. Agora, o fio de esperança no qual se
agarravam não está se concretizando: mesmo depois de o Rio aderir à recuperação
fiscal, o cenário não mudou em nada. Ainda há duas folhas mensais em atraso
(agosto e setembro) e o décimo terceiro de 2016 também está pendente.
Aos 71 anos, a professora aposentada da Educação, Elza
Carvalho, gasta em média R$ 500 mensais com remédios. Como não está na ativa,
ela não pode ser incluída no grupo dos servidores que recebem com recursos do
Fundeb. Com isso, fica sem previsão para receber seus pagamentos.
Olhando para o passado, hoje Elza se lamenta do que vem
passando: "Trabalhei 25 anos no estado, me aposentei, e de repente me vi
sem dinheiro e sem comida. Ganhei cestas básicas e se não fosse isso não teria
de onde tirar recursos para comer".
Com três filhos adotivos (de 17 anos, 19 e 21), ela contou
que seu marido também usa seus rendimentos para quitar contas da casa e o
sustento dos jovens. "Só fui me endividando cada vez mais. E não tenho
como pedir ajuda a parentes, até porque alguns são servidores do estado ou de
prefeitura que também está atrasando os pagamentos", relatou.
O Movimento Unificado dos Servidores Públicos (Muspe) não
pretende, por ora, retomar a campanha das cestas básicas e diz esperar que o
estado cumpra o prometido a partir da adesão ao Regime de Recuperação Fiscal.
Uma das coordenadoras do Sindicato Estadual dos
Profissionais de Educação (Sepe), Marta Moraes reclamou da situação do
funcionalismo. "O atraso nos salários dos servidores retira o mínimo
direito de sobrevivência das pessoas".
PRECARIEDADE
Servidora da Uerj, Liliane Albuquerque, 32, disse que tem
ido trabalhar graças ao dinheiro que o marido e sua mãe lhe dão para usar o
transporte público. Ex-aluna de Pedagogia da universidade, ela se queixou da
situação pela qual a instituição passa: "Há desvalorização da Ciência e
Tecnologia". Sobre as dificuldades que enfrenta, ela declarou: "A
gente se programa, se planeja, estuda para passar em um concurso e de repente
essa situação acontece. O sentimento é de humilhação".
O estado aguarda o leilão que definirá os bancos que darão o
empréstimo de R$ 2,9 bilhões para acertar os atrasados dos servidores. Ainda
têm que ser pagos o 13º de 2016; RAS da Segurança; salários de agosto (a cerca
de 15 mil vínculos) e de setembro (a mais de 200 mil).
O pregão estava marcado para próxima quarta, mas está
suspenso por ordem da 3ª Vara Federal de Niterói, a pedido do STIPDAENIT,
sindicato de trabalhadores da companhia de águas e esgotos do estado. A PGE vai
recorrer da decisão.
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