terça-feira, 13 de junho de 2017

Na Véspera de pagamento de Maio, 207 mil servidores ainda não receberam abril

Às vésperas da data de pagamento de maio, 207 mil servidores sequer receberam o mês de abril


Esta quarta-feira marca o aniversário de uma angústia para parte dos servidores públicos do estado. Para 207.210 funcionários ativos, além de aposentados e pensionistas, décimo dia útil do mês, que cai dia 14 de junho, está prestes a ser o segundo consecutivo sem que saibam quando serão pagos os vencimentos do mês de abril. De acordo com a Secretaria estadual de Fazenda, que disse ainda estar “elaborando um calendário de pagamento”, o estado deve R$ 560 milhões líquidos a esses servidores. A folha de abril já quitada corresponde a R$ 1,041 bilhão.
De acordo com a Secretaria de Fazenda, já receberam salários de abril os servidores da Segurança, incluindo ativos, pensionistas e aposentados, servidores ativos da Educação e do Departamento Geral de Ações Sócio-educativas (Degase), da Fazenda, do Planejamento, do Proderj, da Casa Civil e Desenvolvimento Econômico e da vice-governadoria, além de ativos, inativos e pensionistas da Procuradoria Geral do Estado, que receberam por meio de decisão judicial. Servidores da Saúde receberam 50% dos salários, com recursos próprios da Secretaria, e os servidores da Faetec receberam 50% dos salários com recursos do Fundeb. Diante da indefinição, servidores marcaram para esta terça-feira uma manifestação na porta do Palácio Guanabara, reivindicando a quitação dos salários atrasados:
"A gente entende que o governo tem que sinalizar com um calendário para os servidores. Pelo menos com uma previsão de pagamento dos salários e do 13º salário, para os servidores começarem a organizar suas vidas", afirma Mesac Eflain, um dos líderes do Movimento Unificado dos Servidores Públicos do Estado (Muspe).
Mesmo sem quitar os salários de abril, a Fazenda informou nesta segunda-feira que pagaria, na quarta-feira, os salários de maio dos servidores ativos, inativos e de pensionistas da Segurança, além dos vencimentos de ativos da Educação.
Entre as categorias que não receberam os salários de abril estão professores e servidores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). No último fim de semana, o apelo de um professor de Engenharia Química da Uerj viralizou nas redes sociais. Literalmente, com pires na mão, Evandro Brum Pereira, de 61 anos, resolveu externar sua revolta ao publicar uma foto no Facebook. Na imagem, ele aparece com um pratinho em uma das mãos e, na outra, com um cartaz em que divulga seu currículo e pede uma oportunidade de trabalho. “Alguém pode me arrumar um trabalho? Afinal, preciso pagar minhas contas”.
O “professor pedinte”, com pós-doutorado em Barcelona, no entanto, garante que não vem pedindo dinheiro nas ruas. A intenção inicial, afirma, também não era arrumar um novo emprego. Tudo não passaria de uma forma para poder chamar a atenção. Mas, diante da enxurrada de comentários e de gente prestando solidariedade, ele já repensa. "Hoje (ontem) até chorei com tanta repercussão, com tantas pessoas me oferecendo emprego", afirma o professor, há 19 anos na Uerj. "Como se pode pagar uma categoria e não outra? Ou divide o bolo para todo mundo ou não paga ninguém. Estou no final de carreira e nessa situação. A Uerj é a síntese do Brasil, nosso Direito é o melhor, mas parece que querem fechar o ensino público".
O professor é formado é engenharia química pela UFF e tem mestrado pela Coppe/UFRJ. No início da década de 1990, conseguiu uma bolsa do governo brasileiro para fazer doutorado em Lyon, na França. Em 1998, passou para o concurso na Uerj e, em 2006, foi para a Universidade de Barcelona fazer seu pós-doutorado. Em 2015, ele conseguiu aprovar na Faperj um projeto, em parceria com a instituição espanhola, para a produção de combustível a partir de biomassa, mas o dinheiro nunca saiu. O trabalho, que custaria R$ 29 mil, sequer foi iniciado.
"Estou tão desgostoso que nem sei se quero saber mais desse projeto", afirma Evandro, que, como professor associado na Uerj, trabalha em regime de dedicação exclusiva. "O post veio num momento em que estava pensando sobre como ninguém faz nada em relação a esse caos. Não há uma liderança nesse nosso estado. Por isso, deixam isso acontecer sem qualquer providência. Por que outro come e eu não? A gente prepara a aula com todo capricho, elaboro datashow, levo minha experiência na industria e no exterior. Amo o que faço, só que isso não enche barriga".

O professor mora em Niterói, tem duas filhas adolescentes - Ester, de 16 anos, foi quem fez a foto - e ganha R$ 17 mil bruto por mês. Eles conta quem pagando as contas em dia graças a um dinheiro guardado, fruto de um trabalho de consultoria que fez em 2015.

Um comentário:

  1. É lamentável a falta de respeito aos funcionários da faetec por parte do governo estadual. Somos profissionais idênticos aos da Secretaria Estadual de Educação. Qual a razão de recebermos tratamento distintos?

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