segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Coronavírus - Ainda é cedo para volta ao normal?

Somos uma Associação de Analistas Fazendários. Os concursos por quais passamos eram basicamente sobre Tributação, Contabilidade, Administração Pública, Legislação e outras matérias afins, mas em um momento de pandemia, onde os meios de comunicação, a classe política e as pessoas já tratam a Covid-19 como passado, muitos colegas estão em dúvida: É seguro voltar às atividades e à vida normal?

Não somos epidemiologistas, não somos da área de saúde e nem temos a autoestima daqueles analistas de TV que acham que sabem de tudo. 

O que sabemos fazer é buscar fontes confiáveis de informação e fazer análises numéricas a partir de parâmetros estabelecidos pelos especialistas da área.

As informações que temos na mídia são diversas: Número total de mortos, Número total de recuperados, Média móvel com cores que variam de vermelho ao azul. Algumas dessas iniciativas nos parecem um pouco enviesadas, outras parecem olhar para trás:  Se está subindo ou descendo comparado a um passado que não sabemos qual é.

Se um Estado está subindo e outro está descendo, mas o primeiro tem uma taxa de infecção baixíssima  (a base era pequena) e outro está caindo, mas ainda em patamares assustadores?

Para ficar claro, um exemplo simples. Imaginem 2 localidades com população semelhante. Se a média de morte do lugar A era de 1 por dia e agora é 2, aumentou 100%. Já se a média do Lugar B era de 1.000 e agora é 800, caiu 20%. Mas são 2 cenários totalmente opostos do que as cores do mapa mostrariam.

Ou seja comparam banana com laranja.

Nesse momento de pandemia já consolidada, a medida mais adequada a nosso ver,  seria comparar a taxa de infecção atual de cada localidade dimensionada ao tamanho de sua população.

Nesse sentido, para responder aos questionamentos dos associados, buscamos informações em fontes confiáveis (OMS, Imperial College of London, Universidades e centros de pesquisa). A melhor métrica que encontramos foi a do European Centre for Disease Prevention and Control, (ECDC) agência europeia que criou um indicador interessante.

A ECDC dividiu os países pela taxa de contaminados nos últimos 14 dias por 100 mil habitantes. 14 dias é o tempo estimado de incubação do vírus, ou seja é uma média apurada, pois abrange pessoas no início, meio e final da infecção.

Pela métrica da ECDC as localidades são divididos em 4 grupos onde, de um lado, locais onde se observam um número abaixo de 20 infectados por 100 mil habitantes em 14 dias está com a epidemia sob controle e, de outro lado, onde a infecções estão acima de 120 por 100 mil habitantes, infecção descontrolada.

Fig. 1 - Mapa ECDC com a infecção por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias. Infelizmente o Brasil está no grupo dos países onde a infecção está acima de 120 casos e fora de controle.

https://www.ecdc.europa.eu/en/geographical-distribution-2019-ncov-cases

Claro que isso é um retrato e pode alterar-se conforme a passagem dos dias. Mas nos pareceu um bom indicador.

E o Estado do Rio de Janeiro? Podemos trazer essa métrica para cá? Usando a métrica da ECDC como estaria a nossa realidade?

Bom, O IBGE projeta a população do nosso Estado no momento em cerca de 17.377.000 habitantes (https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/index.html?utm_source=portal&utm_medium=popclock&utm_campaign=novo_popclock)

Nos últimos 14 dias o Estado diagnosticou 30.932 novos casos (dia 10 a 23 de agosto de 2020 - (https://www.saude.rj.gov.br/noticias/2020/08/boletim-coronavirus-1008)

Fazendo as contas, o nosso Estado está com 178 infecções por 100 mil, ou seja, estamos muito acima da margem considerada segura.

Por esse critério, só seria seguro afrouxar as medidas quando chegássemos a 3.475 infecções em 14 dias, ou seja, quase 9 vezes a menos do que temos hoje.

Evidente que o Sars-CoV2 é um vírus novo e que essa é uma métrica feita durante a pandemia, no "olho do furacão". 

Pode vir a ser revista um dia, mas é o que temos de melhor no momento como um "termômetro" do momento que vivemos nessa pandemia.

Fiquem em casa sempre que puderem e continuem com os cuidados!


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