Bancos têm dúvidas sobre viabilidade de plano de recuperação do Rio
LUCAS VETTORAZZO
DO RIO
DO RIO
26/07/2017 02h00
Representantes
de bancos brasileiros e estrangeiros expressaram dúvidas sobre a viabilidade
do plano do governo do Rio para recuperar as
finanças do Estado, que depende da contratação de um empréstimo de R$ 3,5
bilhões.
O
governo apresentou aos bancos nesta terça (25) uma proposta de edital para
contratação do empréstimo, cujo objetivo é obter recursos para colocar em dia os salários dos servidores estaduais e dar
alívio ao Estado, que enfrenta grave crise financeira.
Os
principais pontos do programa foram apresentados aos representantes dos bancos
em audiência pública na Secretaria de Fazenda.
Reservadamente,
representantes das instituições financeiras que participaram da reunião
manifestaram preocupação com a indefinição de pontos considerados muito
importantes, como o prazo estabelecido pelo edital.
O
plano da Secretaria da Fazenda é contratar o empréstimo após a realização de um
pregão em setembro, em que as instituições financeiras interessadas na operação
apresentariam suas propostas.
Representantes
de bancos disseram à Folha que o prazo é curto. A lei que
autoriza o governo federal a socorrer Estados em dificuldades financeiras como
o Rio foi sancionada, mas ainda falta o governo definir normas para o Estado
entrar no programa.
A
remuneração dos bancos, bem como as condições para a liquidação antecipada do
empréstimo a ser concedido para o Rio, não estão definidas. Também não se sabe
ainda se bancos estatais irão participar da operação.
O
plano do governo estadual é oferecer como garantia do pagamento do empréstimo o
aval do Tesouro Nacional e as ações do Estado na Cedae, empresa de águas e
saneamento básico que terá que ser privatizada pelo Rio.
O
valor da empresa, no entanto, ainda não foi calculado, e o modelo que será
adotado para privatizá-la também não foi definido. A Secretaria da Fazenda
estabeleceu prazo de 200 dias para apurar o valor da companhia.
O
edital proposto pelo governo não permite que bancos estrangeiros façam a
securitização da dívida no mercado externo, o que permitiria dividir os riscos
da operação com outros investidores.
Bancos
como Bradesco, HSBC, Bank of America, Citibank e Deusche Bank enviaram
representantes, assim como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.
Um
protesto de servidores da Cedae durante a audiência pública provocou o fim
antecipado da reunião. Ao primeiro sinal de tumulto, os representantes dos
bancos deixaram o local. A audiência pública é a última etapa antes do
lançamento do edital. Os bancos poderão fazer sugestões de mudança por escrito
à Secretaria de Fazenda.
MUDANÇAS
O
plano de socorro ao Rio já mudou mais de uma vez desde sua concepção no início
do ano. A primeira ideia era que o Estado ofereceria ações da Cedae em garantia
para tomar um empréstimo de um consórcio de bancos liderado pelo Banco do
Brasil.
A
proposta foi deixada de lado em razão de restrições legais, porque bancos
públicos não podem financiar a folha salarial de entes públicos. Na semana
passada, surgiu a ideia de o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social) comprar as ações da Cedae para
privatizá-la depois, também descartada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário