Já há algum tempo ouvimos pelos
corredores o boato que a Sefaz irá implantar o ponto eletrônico para os
servidores da secretaria. Se o objetivo for aumentar a
produtividade, essa medida, se realmente vier a ser implantada, será inóqua.
Primeiro porque presença física
não representa necessariamente trabalho feito. Como exemplo, o mercado de
trabalho privado já adota largamente o Home-Office e ainda assim os
funcionários entregam as tarefas e as empresas continuam lucrando. A lógica por
trás disso é reduzir custos, aumentar a satisfação do funcionário e
consequentemente, aumentar a produtividade. Claro que no setor público ainda
não temos regulamentação para isso. Seria uma mudança de cultura radical.
O segundo motivo pelo qual
criticamos essa eventual medida é a desautorização que se dará ao gestor
imediato dos servidores. Hoje cada gestor,
geralmente um servidor em cargo de confiança, tem total autonomia para
gerir sua equipe e definir escalas de trabalho da forma que achar mais
adequada, mais produtiva. Como a administração é que nomeia os gestores, se
algum setor apresentasse queda de produtividade, bastaria nomear outro gestor.
O terceiro motivo é que essa
medida tem que estar prevista e amparada em lei. E toda regulamentação precisa prever
direitos e deveres. Qual penalidade será aplicada caso o servidor não cumpra as 40 horas semanais? Desconto em
folha? Advertência? Suspensão? Demissão a bem do serviço público? A avaliação
será diária, semanal, mensal, trimestral?
E o contrário? Se um servidor
trabalhar 42,44 horas, como será? O Estado pagará hora extra? Criará um banco
de horas?
Outro ponto: Vai valer apenas
para a Secretaria de Fazenda? E as outras secretarias? E entre as carreiras? Todas
terão que cumprir as 40 horas? Ou vai haver um diferimento ilegal, obrigando
apenas algumas e liberando outras?
E o equipamento que vai fazer o
ponto? Será igual ao relógio de ponto do CLT que dá uma comprovante em papel? O
custo de um equipamento desses, somado com a instalação é alto. Um estado que
deve 1 bilhão para os fornecedores tem caixa para isso? Sem contar que o equipamento com a autenticação digital é facilmente burlável, como visto em alguns casos pelo país.
Resumindo: é um problema de
gestão de recursos humanos. Cada área deve estabelecer a melhor forma de lidar com isso. Se
algum servidor não quiser desempenhar as suas atividades, o Estado já tem
diversas formas previstas em lei para aplicar punição.
A maioria dos servidores trabalha
sério e não é justo que, por conta de algum gestor ineficiente ou de uma
minoria de servidores encostados, todos sejam penalizados.
Se há por parte da administração
a intenção de aumentar a produtividade, existem maneiras mais modernas para
isso. Avaliações de desempenho, definição de metas e etc. Mas apenas obrigar a presença física,
pode ter efeito inverso. Menos satisfeitas, as pessoas vão produzir menos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário