sábado, 30 de março de 2019

Em 2012, matéria dizia que RioPrevidência era superavitário e tinha gestão modelo. O que houve?

Em 2012, a revista Isto É Dinheiro publicou a matéria abaixo que dizia que o RioPrevidência era um fundo superavitário e que não precisava de aportes do tesouro estadual. Independente da hipótese desse tipo de matéria ter sido "plantada" e que há jornalistas e canais de comunicação que não prezam pela qualidade editorial e checagem de suas reportagens, ficam perguntas no ar:

1) Se o que é dito na matéria for real, como o fundo precisou no ano seguinte de fazer as operações de securitização que no total deram um prejuízo de 10 bi aos participantes do fundo?

2) Se o conteúdo da matéria é falso, como não responsabilizar esse tipo de gestor que mente descaradamente à sociedade?

3) Se o texto da matéria não foi bem escrito e não foi isso o que o gestor quis dizer ao jornalista na época, porque ele não desmentiu e exigiu a retratação?





A virada do Rio previdência


Fundo de previdência do funcionalismo fluminense se transformou no segundo maior do País em apenas cinco anos 

Barbosa: ”Os contribuintes são nossos patrões. Nada mais correto do que atendê-los bem”.

Foi uma verdadeira revolução. Entre deixar de ser um fundo previdenciário caótico e se tornar o segundo maior do País, o Rioprevidência precisou de apenas cinco anos. De entidade problemática, sorvedora de bilhões em dinheiro público, o fundo de aposentadoria do funcionalismo do governo do Estado do Rio de Janeiro tornou-se superavitário e conseguiu elevar a carteira de ativos para R$ 84 bilhões, ficando atrás em tamanho apenas do Previ, dos funcionários do Banco do Brasil. O fluxo mensal de caixa, entre entradas e saídas, chegou a R$ 1,5 bilhão, e a arrecadação somou R$ 2,8 bilhões em 2011. A folha de benefícios alcançou R$ 780 milhões por mês e o número de segurados alcançou quase meio milhão de pessoas, superior à população da grande maioria das cidades brasileiras.

Nesse processo, o quadro de funcionários do fundo foi reduzido a menos da metade, para 320. Para se reinventar, a autarquia fluminense promoveu mudanças radicais que vão desde a forma de se relacionar com os segurados à alocação de royalties e participações especiais na exploração de petróleo e gás natural — que hoje respondem por quase 90% dos ativos. E mudou a postura em relação aos contribuintes: “São nossos patrões, são eles que pagam”, diz o presidente do Rioprevidência, Gustavo Barbosa, um mineiro de Uberaba e ex-funcionário da Caixa. “Nada mais correto do que atendê-los bem.” A metamorfose começou em 2007, no primeiro mandato de Sérgio Cabral (PMDB). “O Rioprevidência estava quebrado, sem recursos, e por isso tivemos que fazer um grande processo de reestruturação”, disse o governador à DINHEIRO.

“Conseguimos capitalizar e alcançar a autossuficiência do fundo, que antes precisava de ajuda financeira do governo de cerca de R$ 2,5 bilhões por ano.” Barbosa, que se tornou presidente em 2008, lembra-se da primeira ordem que recebeu do governador. “Quando eu assumi, ele falou: trate bem dos meus velhinhos, cuide bem do dinheiro deles.” Uma das suas providências iniciais foi checar os pagamentos dos benefícios. Muitos segurados estavam recebendo menos do que deveriam. “O Estado não repassava ao pensionista o mesmo reajuste do servidor ativo e inativo, como diz a lei”, afirma Barbosa. Mais de 50% dos pensionistas recebiam apenas um salário mínimo. Refeitos os cálculos, a folha de pagamento mais que dobrou.

A pensão média era menor que R$ 1 mil, em 2007. Hoje, supera os R$ 2 mil. Atualizamos 50 mil pedidos de revisão de pensão que estavam parados havia muitos anos”, diz Cabral. Em compensação, diminuíram os gastos do fundo com processos na Justiça e com o pagamento de precatórios. Para localizar possíveis fantasmas entre os beneficiários, foi montado um projeto digital de identificação dos segurados. Somente essa auditoria de benefícios gerou uma economia para este ano de quase R$ 100 milhões e a expectativa é chegar a R$ 200 milhões. Atualmente, mais de 400 mil segurados já estão cadastrados no sistema digital. Nesse processo de reconhecimento de área, também entraram as 20 agências do fundo de previdência espalhadas pelo Estado.

E não faltaram surpresas, como uma agência no interior que ficava no quintal de uma casa e não atendia ninguém. Na contramão, o escritório central, no Rio, recebia, em média, 15 mil solicitações de atendimentos por mês. Obviamente, não atendia ninguém bem. Agora, o número não passa de 2,5 mil mensalmente e 90% dos atendimentos são feitos com data e hora marcadas. “Conseguimos implantar a concessão de aposentadoria em apenas 30 minutos, o que antes demorava 12 meses”, diz Cabral. “Já conseguimos conceder uma pensão em apenas 17 minutos”, orgulha-se Barbosa. Com o uso da internet e a gestão eletrônica de documentos, entrou em cena a “pensão online” e aumentou a oferta de serviços aos usuários.

A próspera indústria de advogados, que faturava alto na esteira das dificuldades criadas pelo processo anterior, lento e burocrático, saiu perdendo, lembra o executivo. De 15 documentos necessários para solicitar o benefício, serão pedidos, a partir do próximo mês ou em julho, apenas três. As finanças também foram reformuladas. O caixa do Rioprevidência contou com o reforço de R$ 350 milhões, oriundos da venda de imóveis. A instituição tinha uma carteira imobiliária tão deficitária quanto extensa: eram mil imóveis, muitos inadimplentes, alguns em estado precário, outros invadidos. Um deles era a sala de shows Scala, no Leblon. Os empresários que a exploravam comercialmente não pagavam aluguel e taxas públicas havia mais de dez anos. 


Após muita luta e a regularização fundiária, foi vendida por R$ 92 milhões. A gestão dos ativos financeiros também foi dinamizada. São seis instituições financeiras habilitadas a receber aplicações do Fundo, entre elas bancos como Santander, Bradesco e HSBC. A cada semestre, há uma avaliação que dispensa o banco com pior desempenho e inclui outro no lugar. Os próximos passos serão dados em direção à previdência complementar. A ideia é que os novos servidores públicos passem a receber aposentadorias do Rioprevidência até o teto do INSS e, a partir daí, contem com a previdência complementar, como já acontece na União e no Estado de São Paulo.


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