Às
vésperas da data de pagamento de maio, 207 mil servidores sequer receberam o
mês de abril
Esta quarta-feira marca o
aniversário de uma angústia para parte dos servidores públicos do estado. Para
207.210 funcionários ativos, além de aposentados e pensionistas, décimo dia
útil do mês, que cai dia 14 de junho, está prestes a ser o segundo consecutivo
sem que saibam quando serão pagos os vencimentos do mês de abril. De acordo com
a Secretaria estadual de Fazenda, que disse ainda estar “elaborando um
calendário de pagamento”, o estado deve R$ 560 milhões líquidos a esses
servidores. A folha de abril já quitada corresponde a R$ 1,041 bilhão.
De
acordo com a Secretaria de Fazenda, já receberam salários de abril os
servidores da Segurança, incluindo ativos, pensionistas e aposentados,
servidores ativos da Educação e do Departamento Geral de Ações Sócio-educativas
(Degase), da Fazenda, do Planejamento, do Proderj, da Casa Civil e
Desenvolvimento Econômico e da vice-governadoria, além de ativos, inativos e
pensionistas da Procuradoria Geral do Estado, que receberam por meio de decisão
judicial. Servidores da Saúde receberam 50% dos salários, com recursos próprios
da Secretaria, e os servidores da Faetec receberam 50% dos salários com
recursos do Fundeb. Diante da indefinição, servidores marcaram para esta
terça-feira uma manifestação na porta do Palácio Guanabara, reivindicando a
quitação dos salários atrasados:
"A
gente entende que o governo tem que sinalizar com um calendário para os
servidores. Pelo menos com uma previsão de pagamento dos salários e do 13º
salário, para os servidores começarem a organizar suas vidas", afirma
Mesac Eflain, um dos líderes do Movimento Unificado dos Servidores Públicos do
Estado (Muspe).
Mesmo sem quitar os salários de
abril, a Fazenda informou nesta segunda-feira que pagaria, na
quarta-feira, os salários de maio dos servidores ativos, inativos e de
pensionistas da Segurança, além dos vencimentos de ativos da Educação.
Entre
as categorias que não receberam os salários de abril estão professores e
servidores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). No último fim de
semana, o apelo de um professor de Engenharia Química da Uerj viralizou nas
redes sociais. Literalmente, com pires na mão, Evandro Brum Pereira, de 61
anos, resolveu externar sua revolta ao publicar uma foto no Facebook. Na
imagem, ele aparece com um pratinho em uma das mãos e, na outra, com um cartaz
em que divulga seu currículo e pede uma oportunidade de trabalho. “Alguém pode
me arrumar um trabalho? Afinal, preciso pagar minhas contas”.
O
“professor pedinte”, com pós-doutorado em Barcelona, no entanto, garante que
não vem pedindo dinheiro nas ruas. A intenção inicial, afirma, também não era
arrumar um novo emprego. Tudo não passaria de uma forma para poder chamar a atenção.
Mas, diante da enxurrada de comentários e de gente prestando solidariedade, ele
já repensa. "Hoje (ontem) até chorei com tanta repercussão, com tantas
pessoas me oferecendo emprego", afirma o professor, há 19 anos na Uerj.
"Como se pode pagar uma categoria e não outra? Ou divide o bolo para todo
mundo ou não paga ninguém. Estou no final de carreira e nessa situação. A Uerj
é a síntese do Brasil, nosso Direito é o melhor, mas parece que querem fechar o
ensino público".
O
professor é formado é engenharia química pela UFF e tem mestrado pela
Coppe/UFRJ. No início da década de 1990, conseguiu uma bolsa do governo
brasileiro para fazer doutorado em Lyon, na França. Em 1998, passou para o
concurso na Uerj e, em 2006, foi para a Universidade de Barcelona fazer seu
pós-doutorado. Em 2015, ele conseguiu aprovar na Faperj um projeto, em parceria
com a instituição espanhola, para a produção de combustível a partir de
biomassa, mas o dinheiro nunca saiu. O trabalho, que custaria R$ 29 mil, sequer
foi iniciado.
"Estou
tão desgostoso que nem sei se quero saber mais desse projeto", afirma
Evandro, que, como professor associado na Uerj, trabalha em regime de dedicação
exclusiva. "O post veio num momento em que estava pensando sobre como
ninguém faz nada em relação a esse caos. Não há uma liderança nesse nosso
estado. Por isso, deixam isso acontecer sem qualquer providência. Por que outro
come e eu não? A gente prepara a aula com todo capricho, elaboro datashow, levo
minha experiência na industria e no exterior. Amo o que faço, só que isso não
enche barriga".
O
professor mora em Niterói, tem duas filhas adolescentes - Ester, de 16 anos,
foi quem fez a foto - e ganha R$ 17 mil bruto por mês. Eles conta quem pagando
as contas em dia graças a um dinheiro guardado, fruto de um trabalho de
consultoria que fez em 2015.
É lamentável a falta de respeito aos funcionários da faetec por parte do governo estadual. Somos profissionais idênticos aos da Secretaria Estadual de Educação. Qual a razão de recebermos tratamento distintos?
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