quinta-feira, 18 de maio de 2017

O Globo - Senadores aprovam socorro aos estados

Foi por pouco. Após cerca de meia-hora da aprovação do projeto, foram divulgadas as delações do grupo JBS que coloca Temer em situação insustentável. E agora? Ele sanciona o projeto de lei? Ou cai antes?



Senadores aprovam socorro aos estados
Proposta que prevê suspensão do pagamento de parcelas da dívida com União segue para sanção de Temer

Após aprovar na noite de ontem, por 56 votos a favor e nove contra, o texto-base do projeto de lei que dá socorro ao Rio de Janeiro e a outros estados em situação fiscal grave, como Rio Grande do Sul e Minas Gerais, o Senado rejeitou os destaques, apresentados pela oposição, que tentava alterar o projeto inicial. Agora, a proposta - que prevê que os estados endividados possam suspender o pagamento das parcelas da dívida com a União em troca de uma série de contrapartidas de ajuste fiscal - , seguirá para sanção do presidente Michel Temer. Entre as exigências que terão de ser cumpridas estão a venda de ativos, a redução de renúncias fiscais e a suspensão de novos concursos e reajustes.

>> Votação também na Alerj
Após a aprovação, o governador Luiz Fernando Pezão, que acompanhou a votação no plenário do Senado, comemorou o resultado. Ele disse que pedirá ao presidente Michel Temer que sancione rapidamente a lei. Pezão disse acreditar que, "em um prazo máximo de 60 dias'', conseguirá regularizar os pagamentos de servidores. "Era o que o Rio precisava. Eu tenho certeza de que nós vamos dar a volta por cima, é um outro momento para o Rio, o Rio não pode parar. A gente tem uma série de problemas, e, agora, temos o instrumento que vai poder alavancar a administração", disse Pezão.

O governador acrescentou que o próximo passo será garantir na Assembleia Legislativa do Rio a votação de todas as contrapartidas exigidas. Ele lembrou que alguns itens já foram aprovados, como a privatização da Cedae, a companhia de água e esgoto do Rio. Uma das contrapartidas previstas no projeto original já havia sido derrubada pela Câmara dos Deputados. Por meio de um destaque, os deputados conseguiram retirar do texto um artigo que previa o aumento da contribuição previdenciária dos servidores públicos de 11% para 14%. Para o governo, essa era uma importante medida de geração de receitas, mas os parlamentares foram fortemente pressionados pelos funcionários públicos.

Agora, a discussão sobre o aumento da alíquota voltará à tona. O ajuste poderá ser exigido pelo Ministério da Fazenda no momento em que o estado for à União para fechar a negociação. Nesse caso, caberia à Assembleia Legislativa do Rio aprovar essa alteração na contribuição. "O contrato terá de ter garantias necessárias para permitir que haja risco calculado. E entrou isso (aumento de contribuição) porque,  evidentemente, pessoas consideram, no uso da aritmética, que é necessário. Eu só posso dizer que as garantias deverão ser dadas", justificou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco.

Na Alerj, a previsão é que as discussões do aumento da alíquota previdenciária comecem até o fim do mês. Governistas ainda buscam confirmar quórum para a aprovação da mudança. Uma das dificuldades é o afastamento do presidente da Casa, Jorge Picciani, licenciado para tratar um tumor na bexiga.
Em meio à crise, a Secretaria estadual de Fazenda do Rio anunciou ontem que vai quitar até amanhã os salários atrasados de janeiro a março dos técnicos e funcionários do programa Rio Sem Homofobia, vinculado à Secretaria estadual de Direitos Humanos. Ontem, O GLOBO mostrou a situação precária dos atendimentos oferecidos pelo projeto. Sem dinheiro, os poucos profissionais que ainda trabalham se revezam no único dos quatro Centros de Cidadania LGBT que oferece acolhimento, o da Central do Brasil.

>> Professores da Uerj protestam
Os funcionários do Rio Sem Homofobia, assim como a maior parte dos servidores, ainda não sabem quando vão receber os salários do mês de abril. Somente servidores das áreas de Educação (e do Degase) e de Segurança Pública já receberam seus vencimentos. Depois de ocuparem o gabinete do secretário estadual de Saúde, na semana passada, servidores da pasta também conseguiram, ontem, receber metade de seus salários. Os recursos para remunerar funcionários concursados, administrativos e comissionados (R$ 9 milhões) saíram de reservas da própria pasta.

Professores e alunos da Uerj continuavam acampados, ontem, diante do Palácio Guanabara. Os integrantes do protesto armaram, na noite de terça-feira, barracas no canteiro central da Rua Pinheiro Machado e estenderam uma faixa com os dizeres "Uerj resiste" Eles reclamam do sucateamento da instituição e da falta de pagamento do salário de servidores e das bolsas de alunos. O grupo promete ficar no local até que o governo dê "uma resposta satisfatória para as reivindicações". Os manifestantes lembram que ainda não receberam o 13º salário de 2016. O mesmo aconteceu com o salário de abril deste ano. Parte dos servidores reclama ainda de não ter recebido o pagamento de março deste ano.

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