Economistas já preveem crescimento econômico menor que 1% em 2018
Caminhoneiros e desemprego levam a cenários que apontam crescimento entre 0,7% e 0,8%
5.jul.2018 às 2h00
Após um início de ano decepcionante e um segundo trimestre
bastante afetado pela paralisação dos caminhoneiros analistas não descartam um
crescimento econômico em um ritmo inferior ao registrado em 2017.
Embora a mediana de economistas ouvidos pelo Banco Central
indique alta do PIB de 1,5% em 2018 alguns cenários alternativos já apontam para
algo entre 0,7% e 0,8%.
Há indícios robustos de que a atividade econômica se comportou
muito abaixo do esperado no primeiro semestre, o que levou os analistas a uma primeira
rodada de revisões.
Em março, a alta esperada para o PIB de 2018 encostava em 3%,
com alguns economistas prevendo algo acima disso. Mas a realidade se impôs.
Um mercado de trabalho que combina um nível de desemprego alto e
resistente com geração de vagas de baixa qualidade vem minando as expectativas
de retomada mais forte do crédito e do consumo.
Isso e o ruído político ligado ao ciclo eleitoral que se
aproxima são apontados como as principais variáveis a pesar em um possível novo
movimento de correções para o PIB.
Jonathas Goulart, economista da Firjan (Federação das Indústrias
do Estado do Rio de Janeiro), não descarta um avanço ao redor de 0,7% da
atividade econômica.
A falta de confiança do setor produtivo, diz ele, seria o motor
de uma possível revisão de suas projeções, hoje em 1,7%.
“A indústria precisa entender para onde vai a economia para
voltar a fazer investimentos, e isso depende muito das eleições”, diz Goulart. David
Beker, economista-chefe do Bank of America Merrill Lynch, prevê alta de 1,5%
para o PIB deste ano, mas diz que o ruído político deve se intensificar nos próximos
meses, elevando os riscos para o processo de recuperação.
Com um cenário de dúvidas sobre a governabilidade do próximo
governo, além da possibilidade de tomar corpo uma agenda econômica eleitoral
hostil ao mercado, o crescimento poderia ficar em 0,8% neste ano, com queda em 2019,
diz Beker, em relatório.
Maurício Oreng, economista-chefe do Rabobank, diz ser mais fácil
ver o PIB perto de 1% do que 2%. Comércio e serviços concentram as maiores preocupações,
já que aquilo que o consumidor deixou de fazer em razão da paralisação —como
uma ida ao restaurante— ficou para trás.
“Embora ainda seja menos provável, a chance de o PIB ficar
abaixo de 1% existe”, diz Oreng, cuja previsão está em 1,6%, com viés de baixa.
Armando Castelar, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, mantém a previsão
de bom desempenho da indústria, impulsionado por bens de consumo duráveis e
bens de capital. Mas a paralisação, diz ele, deixará marcas na confiança, além
das dificuldades criadas pela tabela de frete.
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/07/economistas-ja-preveem-crescimento-economico-menor-que-1-em-2018.shtml
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