Estamos todos loucos?

Publicação no DOERJ de 10/07/2019 vemos o exercício de uma lógica distorcida. 

O mesmo Estado do Rio de Janeiro que descumpre a Constituição Federal a não conceder reajuste anual pela inflação a seus servidores, é o mesmo que aumenta o contrato de um prestador de serviço por conta de Convenção Coletiva. Ou seja, reconhece o direito a reposição da inflação de funcionários terceirizados. 

Na realidade, há um componente ideológico nisso. O que está sendo preservado pelo Estado não é o poder de compra daquele trabalhador terceirizado que, via de regra, é mal remunerado e tem uma relação de trabalho precária e de muita exploração. O que está sendo preservado é o lucro do dono da empresa, que geralmente recebe 3 ou 4 vezes o salário de cada funcionário que coloca para trabalhar. 

Esse não é um problema desse governo, é uma questão que vem de outras gestões e em outros entes. Vivemos em um momento histórico em que a maioria acha natural que o dinheiro público preserve e garanta a reposição da inflação ao lucro de empresário e ao patrimônio de, por exemplo, locadores de imóveis ocupados pelo Estado. Mas não garante a reposição do poder de compra do Servidor Público, que vive exclusivamente do seu trabalho e é quem operacionaliza esse tipo de pagamento sem se dar conta da injustiça que ocorre nesses casos.

O reajuste foi de 7,13% para a empresa. 0% para os servidores.

Será que o servidor está tão anestesiado que perdeu a capacidade de se indignar?